quarta-feira, 30 de março de 2011

O efeito “Clássicos na rodada final do Brasileirão 2011”

No dia 14 de março a CBF divulgou a tabela de jogos do Campeonato Brasileiro, que neste ano trouxe novidades. A última rodada contará com um festival de clássicos estaduais – oito, no total, e na penúltima haverá duas disputas clássicas.

Confira os clássicos da última rodada, que está prevista para acontecer em 03 ou 04/12:

Corinthians x Palmeiras São Paulo x Santos
Internacional x Grêmio Cruzeiro x Atlético-MG
Atlético-GO x América-MG Atlético-PR x Coritiba
Bahia x Ceará Avaí x Figueirense
Botafogo x Fluminense Vasco x Flamengo

Na penúltima rodada de 2011, o Palmeiras encara o São Paulo, e o Fluminense joga contra o Vasco.
O objetivo é evitar que clubes fora da briga pelo título escalem equipes reservas, “entreguem” a partida ou esvaziem as últimas disputas do campeonato.

A discussão sobre maneiras de se evitar essa postura acontece faz tempo, mas se tornou mais acirrada depois das últimas duas finais. Não há provas concretas mas em 2009 Corinthians e Grêmio supostamente entregaram o jogo para o campeão Flamengo, que disputava o título com grandes rivais dos dois times: Internacional e São Paulo.

Situação semelhante aconteceu em 2010, quando torcedores do São Paulo e do Palmeiras comemoraram descaradamente a derrota para o campeão Fluminense (36ª e 37ª rodadas), já que os resultados prejudicavam o rival Corinthians, que brigava pelo título.

É indiscutível que esteja em jogo uma preocupação com a definição conceitual de esporte, da competição entre as partes com o objetivo final da vitória, mas o que o assunto tem a ver com os negócios?

O atual modelo de pontos corridos do campeonato brasileiro tem uma série de vantagens sobre o “mata-mata”, na medida em que impede que um clube seja eliminado por deslizar diante de um único adversário. Mas acima de tudo, garante a participação de todos os times do início ao fim, o que para os patrocínios é fundamental. Uma marca que se associa ao clube tem a garantia de que estará exposta até o final do campeonato, mesmo que o time não seja campeão. Patrocinadores podem não apenas contar com a exposição de marca, mas também planejar ações de ativação ao longo de toda a temporada.

Por outro lado, a mecânica permite distorções como as citadas, cuja tentativa de correção pode passar pela definição de clássicos na última rodada. A expectativa da CBF é que, independente da situação na tabela, com a pressão da torcida e da emoção que move o esporte, é muito improvável que um dos grandes times entregue o jogo a seu grande rival nas rodadas finais.

Essa solução fará com que haja grande motivação dos torcedores para ir ao estádio no final do ano, qualquer que seja a situação do clube na tabela, fato que contribui com as receitas de bilheteria. Além do grande número de expectadores in loco, um clássico tende a trazer boa audiência à emissora que o transmitir – neste ano, a TV Globo tem os direitos - principalmente se ele acontecer fora da praça, como se espera para pelo menos um dos jogos do Rio de Janeiro, já que o Maracanã está fechado para reforma, além do Santos x São Paulo na Vila Belmiro.

Grande audiêcia traz mais visibilidade para os patrocinadores das propriedades dos clubes em campo, melhorando o retorno de investimentos.

Só essa novidade dos clássicos já seria motivo suficiente para acreditarmos em uma rodada final do Brasileirão 2011 de fortes emoções, palco de muitas oportunidades comerciais. Mas há ainda mais motivo para os patrocinadores comemorarem. Pela primeira vez em muitos anos teremos em campo grandes estrelas do futebol mundial, como Ronaldinho Gaúcho, Luís Fabiano, Neymar e Paulo Henrique Ganso, além dos astros nacionais. A expectativa geral é que estes atletas demonstrem nos gramados os motivos que fizeram seus clubes assinar contratos milionários, mas que também ajudem a explicar os investimentos de seus patrocinadores.

Partidas finais emocionantes e ainda contando com atletas de peso só podem significar muita rentabilidade para quem investir corretamente. Vamos esperar pra ver?

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