Na época ditatorial, nos anos 60, com o início do período do marketing político com Getúlio Vargas, a forma como os políticos se comportavam nos palanques era única, uma espécie de formato padrão para todos que subiam nos palanques. Esse formato padrão se limitava aos gritos e palavras difíceis, sendo que, muitas vezes, não complementavam o contexto político. As gesticulações eram exageradas e faziam parte dessa representação teatral em demasia. O povo gostava dessa representação mais agressiva e não se importava tanto com o contexto do discurso do candidato. Na época era bem mais fácil conseguir a atenção e a simpatia dos eleitores, prometendo empregos aqui, projetos milionários ali, o que não poderia ser cumprido era o bastante para vislumbrar os eleitores.
Com o passar dos anos desde a ditadura, muitos políticos ainda insistem no mesmo formato discursivo. Esquecem e ignoram que a concepção dos eleitores não é mais a mesma. Hoje em dia o eleitor pressente se o político está falando a verdade pelo tom de voz, pelas gesticulações e avalia se ele entende e sabe dos seus desejos e anseios em questão de minutos. É verdade que muitos eleitores se vendem por uma cesta básica, por sacos de cimento, remédios, etc., mas existem muitos que querem escutar do político como ele poderá melhorar a qualidade de vida de sua comunidade, e, se o político souber explanar bem seu discurso, conseguirá muitos apoiadores (cabos eleitorais). Além de muita informação, é preciso ter muito conhecimento do que fala, do que propõe, técnica para falar e cuidado para lidar com os anseios, necessidades e desejos do povo; isso vale para o presidente da república, prefeitos, deputados, governadores, senadores e vereadores. Falar em palanque é diferente de falar na TV, no rádio, nas entrevistas, nas reuniões porque cada um exige um tipo de linguagem, e a do palanque é única.
Como se comportar no palanque? Prepare-se com informações sobre as principais demandas do eleitor. Se for tímido, treine em casa na frente do espelho, grave sua fala com o auxílio de uma câmera digital (simples) e avalie depois. Se tiver dúvidas, peça para seus familiares avaliarem o seu comportamento e o contexto de seu discurso. Lembre-se de utilizar palavras populares, de fácil compreensão. Inicie-o cumprimentando a todos e agradeça a presença com um tom de voz tranquilo e nunca esqueça que o seu semblante deve ser simpático. Comece a discursar e, depois, vá alterando a voz para não ficar monótono. Se perceber que o público está se dispersando, aumente o tom por um tempo e fique em silêncio. Pode ter certeza de que o silêncio por alguns segundos chama a atenção! As gesticulações não podem ser tão exageradas como antigamente e devem ter coerência com o contexto da fala. Se o Sr. disser na minha gestão, aumentou os índices de alfabetizados, gesticule para cima, diminuiu o número de criminalidade entre os jovens, gesticule para baixo. Não cometa o erro de “se jogar” na plateia de cima do palanque, tomado pela emoção. Política é coisa séria e não um show de rock.
Obs: Lembrando que estas estratégias fazem parte de um grande contexto e que elas não se limitam somente ao que foi citado. Se você gostou, por favor, repasse para um amigo candidato.
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